Pelo menos cinco bairros de Ribeirão têm feiras à noite para um perfil diferente de cliente
Fim-de-tarde, saída da escola, volta do trabalho e, para muitos, hora de ir a feira. Menores e com horário alternativo, as chamadas feiras noturnas ocorrem em pelo menos cinco bairros de Ribeirão Preto e tornaram-se pontos de encontro para famílias e estudantes. É o caso da secretária financeira Silvana Correa, 44 anos, que mora a duas quadras da feira da noite no Jardim Anhanguera. “Venho toda terça. Meus sogros moram no Jardim Paulista, mas vêm prestigiar. A feira noturna é maravilhosa, os bolos, as verduras, tudo de primeira, trago a família inteira e, depois das compras, venho comer um pastel”, disse Silvana.
O sogro dela, Geraldo Correa, 70, é aposentado e apaixonado por feiras. “Vou a feiras quase todos os dias e em diversos bairros. De manhã vou para fazer compras para a casa, porque é mais completa. À noite é mais para diversão com a família”, disse.
O pasteleiro Roberto Uehara, 48, da Barraca do Gordinho, afirmou que à noite o público é diferenciado. “De manhã, principalmente, é mais estudante. À noite, as pessoas vêm jantar com a família e conversar, ficam mais tempo”, contou Uehara.
De acordo com o feirante Ulisses Dionísio, 72, no período noturno as vendas são até 20% melhores. “Muita gente trabalha de dia e tem mais estudante. Nesse horário noturno vem marido, mulher e criança. É um comboio, porque tem feirante das quatro unidades de Ribeirão”, disse Dionísio. O feirante José Sebastião Silva, 59, (35 anos de feira) disse que as feiras noturnas surgiram a pedido dos próprios clientes. “Só não temos as barracas de alumínio, porque à noite não vende tanto esse tipo de mercadoria. A mais antiga é a do Jardim Sampaio”, afirmou Silva.
Para o comerciante Heraldo Ferreira Doca, 47, a feira à noite é como um passeio. “Sempre que estou em Ribeirão vou à feira. É um bom horário, porque chego de cabeça cheia do trabalho e venho dar uma volta, comprar um pastel para mulher”, disse Doca. As feiras noturnas de Ribeirão acontecem nos jardins Anhanguera, Iguatemi, Sampaio, Procópio e Manoel Penna. O horário de funcionamento é das 16h às 20h30, com exceção dos feriados, quando os feirantes não montam as barracas. (Danielle Castro)
Horário reflete mudança social
Os horários alternativos de feiras refletem mudanças sócio-econômicas, como o surgimento de hipermercados e o crescente número de mulheres que trabalham fora de casa. Para o feirante Ulisses Dionísio, 33 anos de feira, todos tiveram que se adaptar, mas a situação é difícil. “Antes não tinha supermercado, nem varejão. São comércios que estão acabando com a feira, um engole o outro”, lamentou Dionísio. A mulher dele, Aparecida Dionísio, 60, disse que antes as feiras eram maiores. “As feiras de hoje são pequenas, antigamente se estendiam por cinco quarteirões”, afirmou Aparecida. Para a comerciante Cleusa Kumakura de Souza, 53, ir à feira pela manhã não seria possível. “Não tenho tempo para ir durante o dia porque trabalho. Fica mais fácil à noite e assim posso vir quase toda semana para levar frutas, legumes e, claro, pastel”, afirmou Kumakura.
fonte: Gazeta de Ribeirão
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