quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Ribeirão Preto vive boom imobiliário

O mercado imobiliário em Ribeirão Preto registra o melhor desempenho de todos os tempos. De janeiro a julho de 2008, a prefeitura de Ribeirão Preto licenciou 1,8 mil obras, num total de 1,3 milhão de m, segundo dados da secretaria municipal de Planejamento. A área total licenciada nos sete primeiros meses do ano é 70,99% maior do que em igual período de 2007 e já se aproxima do 1,5 milhão de mdos licenciados pela prefeitura em todo o ano de 2007.

O "boom" na construção civil na cidade não abrange somente os modernos condomínios residenciais lançados pelas grandes construtoras do País, que, sozinhas ou em parcerias com empresas locais, adquiriram terrenos que com potencial de vendas superior a R$ 2 bilhões nos próximos 18 ou 24 meses (até então, os lançamentos na cidade não passavam de R$ 300 milhões por ano, segundo agentes do mercado). As obras atingem todos os segmentos do setor, incluídos o comercial, o industrial e o de infra-estrutura, e são visíveis principalmente na zona sul, área nobre de Ribeirão Preto, cidade com população de quase 600 mil habitantes.

Em construção ou recém-inaugurados, torres de escritórios, hospitais, clínicas, concessionárias de veículos, escolas, viadutos, avenidas e bairros dividem espaço com condomínios verticais e horizontais, principalmente voltados para as classes mais abastadas. Para tanto, há investimento público e privado em rede de água e esgoto, ruas, avenidas, parques, praças e em obras anti-enchentes. Até a rodoviária da Socicam e o terminal de passageiros do Aeroporto Leite Lopes estão sendo reformados, ampliados e modernizados.

Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), nos últimos 12 meses até junho de 2008, os empregos no setor aumentaram 20% em Ribeirão Preto, para 33,2 mil. "O apetite por crédito imobiliário, no sentido mais amplo, continua absolutamente enor-me", diz o economista Nelson Rocha Augusto, presidente do Banco Ribeirão Preto (BRP) e ex-secretário de Planejamento. "E a construção civil não mostra qualquer sinal de arrefecimento, porque é sustentada pela estabilidade macroeconômica e pela expansão do crédito", afirma.


Instrumentos como alienação fiduciária, lei de patrimônio de afetação e nova lei de falências, criados nos últimos anos, deram segurança jurídica ao crédito. "Isto garante maior longevidade ao ciclo de crescimento do setor", diz Rocha Augusto. "No pior cenário, pode haver diminuição no ritmo dos lançamentos, mas não desistência dos projetos", afirma.

José Batista Ferreira, diretor regional do Sinduscon, também acredita que o mercado imobiliário em Ribeirão Preto é crescente e promissor. "E não tem volta". Mas ele acha que os mesmos mecanismos que impulsionaram o setor causaram, indiretamente, grande euforia no mercado, inflação nos preços dos terrenos em Ribeirão Preto e que talvez alguns lançamentos tenham de ser postergados.

"As grandes construtoras que abriram o capital nos últimos anos são obrigadas a mostrar serviço e, à galope, criaram vários empreendimentos no interior de São Paulo e do Brasil", afirma Ferreira. Segundo ele, graças aos novos empreendimentos, o preço de terrenos disparou. Em alguns bairros de Ribeirão Preto, o preço triplicou em 18 meses.

Hoje, os melhores terrenos da zona sul da cidade custam R$ 1 mil o metro quadrado, o dobro de três ou quatro anos atrás. Na mesma região, os imóveis residênciais valem até R$ 2 mil o metro quadrado e os comerciais, mais de R$ 3 mil o metro quadrado. "Mas há que se considerar que, hoje, os empreendimentos têm mais qualidade: as ruas são mais largas, há mais áreas verdes e o equipamento público é melhor", diz Rocha Augusto.

(Gazeta Mercantil - Edson Álvares da Costa)

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